Impresa: cinco filhos de Balsemão coordenam 50,3% dos votos

Herdeiros partilham ações e assinam acordo para votar em conjunto após a morte do fundador

A Impresa passa a ter os cinco filhos de Francisco Pinto Balsemão a coordenar 50,3% dos direitos de voto, após a partilha das ações herdadas e a assinatura de um acordo parassocial. A alteração resulta do falecimento do empresário em 21 de outubro de 2025 e da subsequente comunicação ao mercado, formalizada no final do mês.

A Impresa confirmou que a participação imputável aos herdeiros — detida indiretamente via Balseger e Impreger — totaliza 50,311% dos direitos de voto. O acordo entre Mónica, Henrique, Francisco Maria, Joana e Francisco Pedro visa articular posições em matérias estratégicas, preservando a influência estável no grupo mediático.

A cadeia de controlo mantém-se por via societária: a Balseger, SGPS detém 71,4103% da Impreger, SGPS, que, por sua vez, detém 50,306% de direitos de voto diretos na Impresa (e 50,311% por imputação). Na prática, os cinco herdeiros passam a atuar em concertação sobre esta posição relevante.

Outro ponto comunicado foi o pedido de derrogação à CMVM do dever de lançar OPA que, em abstrato, poderia ser desencadeado com a nova imputação de controlo concertado. Em paralelo, a CMVM suspendeu temporariamente a negociação das ações da Impresa em 31 de outubro de 2025, para aguardar esclarecimentos, num contexto de notícias sobre potenciais movimentos acionistas no setor.

Para os investidores, a mensagem central é de continuidade na governação e de estabilidade acionista a curto prazo. A coordenação dos votos pelos herdeiros tende a evitar dispersões súbitas e permite gerir a agenda de assembleias gerais com previsibilidade. A médio prazo, o mercado estará atento a eventuais reposicionamentos estratégicos, à evolução do negócio editorial e audiovisual e ao modo como a nova estrutura familiar irá articular interesses patrimoniais com a atividade operacional do grupo.

No plano regulatório, a derrogação do dever de OPA — quando aceite — é utilizada para acomodar transmissões sucessórias que não visam aquisições oportunistas, mas sim regularização de imputações. A CMVM avalia caso a caso, ponderando proteção de investidores e transparência do mercado.

Em suma: há mudança de titulares e concertação formalizada, mas continuidade no controlo. O foco desloca-se agora para a execução estratégica e para a clarificação pública que venha a constar de próximos comunicados.

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Fonte oficial:
CMVM — Comunicado ao mercado da Impresa