Juros do BCE em 2% até final de 2026, apontam economistas

Inquérito da Reuters sinaliza pausa prolongada nas taxas, com inflação perto dos 2% e crescimento moderado na zona euro

O BCE deverá manter os juros em 2% até ao final de 2026, de acordo com um inquérito da Reuters a economistas. Com a inflação muito próxima da meta e previsões de crescimento modesto, os especialistas antecipam um longo período de estabilidade na taxa de depósito do BCE. Esta expectativa de juros do BCE estáveis tem impacto direto no crédito à habitação, no investimento e nas poupanças das famílias portuguesas.

Um inquérito da Reuters realizado entre 14 e 19 de novembro indica que o Banco Central Europeu (BCE) deverá manter a taxa de depósito em 2% pelo menos até ao final de 2026. A maioria dos economistas ouvidos acredita que o ciclo de cortes iniciado em 2025 chegou ao fim, dando lugar a uma fase prolongada de “esperar para ver”, numa conjuntura de inflação controlada e crescimento económico moderado.

Desde junho de 2025, o BCE fixou a taxa de depósito em 2,00%, com a taxa das operações principais de refinanciamento em 2,15% e a da facilidade permanente de cedência de liquidez em 2,40%. Estes níveis resultam de uma série de cortes que reduziram significativamente as taxas desde meados de 2024, quando o juro de depósito ainda estava acima dos 3,5%.

Inflação perto da meta dos 2%

O cenário de estabilidade ganha força porque a inflação da zona euro está muito próxima da meta de 2%. As previsões da Autumn 2025 Economic Forecast da Comissão Europeia apontam para uma inflação média de cerca de 2,1% em 2025, estabilizando em torno dos 2,0% em 2026 e 2027. Ou seja, os preços estão, em média, a crescer ao ritmo desejado pelo BCE, reduzindo a pressão para novos aumentos ou cortes rápidos de juros.

Para os decisores em Frankfurt, mexer novamente nas taxas exigiria “provas bastante convincentes” de que a inflação se afasta da meta, seja para cima ou para baixo. Esse tom prudente tem sido reforçado por vários responsáveis do BCE nas últimas semanas, sublinhando que a política monetária está num “ponto de equilíbrio frágil”, mas globalmente adequado às atuais condições económicas.

Crescimento modesto, mas estável

Do lado da atividade económica, a Comissão Europeia prevê que o PIB da zona euro cresça 1,3% em 2025 e 1,2% em 2026, voltando a acelerar para 1,4% em 2027. No conjunto da União Europeia, o crescimento projetado é de cerca de 1,4% em 2025 e 2026, subindo ligeiramente em 2027. Trata-se de um ritmo modesto, mas compatível com a manutenção de taxas de juro estáveis, sem necessidade de aperto adicional.

Esta combinação de inflação controlada e crescimento moderado sustenta a leitura de que o BCE prefere evitar choques adicionais numa economia ainda exposta a riscos externos, como as tensões comerciais globais e a incerteza geopolítica. Assim, a política monetária funciona como um “lastro de estabilidade” para empresas, bancos e famílias.

O que significa para créditos, investimento e poupança

Para quem tem crédito à habitação com taxa variável, a expectativa de juros do BCE estáveis em 2% até 2026 é uma boa notícia: não se antecipam subidas bruscas das Euribor decorrentes de nova trajetória de aperto monetário. As prestações deverão manter-se relativamente previsíveis, embora continuem mais altas do que no período de juros negativos.

As empresas beneficiam igualmente de um quadro mais estável para planear investimento, sabendo que o custo de financiamento em euros tende a manter-se dentro de uma banda relativamente estreita. Para projetos de médio e longo prazo, esta visibilidade é crucial na hora de decidir avançar ou não com novas fábricas, contratações ou aquisições.

Já para os aforradores, a estabilidade da taxa de depósito do BCE significa que as remunerações de depósitos e outros produtos de poupança ligados às taxas de mercado tenderão a permanecer em níveis moderados, mas positivos. Em paralelo, continuará a ser importante comparar alternativas como obrigações, fundos de investimento ou produtos de poupança do Estado, avaliando sempre o binómio risco/retorno.

Em resumo, o inquérito da Reuters e as projeções oficiais convergem num cenário de “normalidade” monetária: nada de juros negativos, nada de subidas abruptas, mas antes uma fase prolongada de taxas estáveis em torno de 2% — com impacto direto no dia a dia das famílias portuguesas e das empresas da zona euro.

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Fonte oficial:
Banco Central Europeu – Taxas de juro oficiaisBanco Central Europeu (ECB)