Protesto coincide com a greve da Função Pública e pressiona negociações
A greve dos médicos está marcada para 24 de outubro e foi convocada pela FNAM após reuniões com a tutela. A paralisação acontece no mesmo dia da greve da Função Pública, aumentando a pressão sobre o Governo e a direção do SNS.
A greve dos médicos surge num contexto de desgaste acumulado nas urgências, listas de espera e falta de acordo sobre carreiras e condições de trabalho. A FNAM afirma que não viu, até agora, respostas que assegurem a segurança dos doentes e a dignidade do exercício médico.
Ao anunciar a paralisação, a FNAM quis deixar dois sinais claros. Primeiro, que o tempo das promessas sem consequência acabou. Segundo, que a marcação para 24 de outubro — a par da greve da Função Pública — dá escala e visibilidade às reivindicações. Para muitos clínicos, sobretudo os que passam noites entre macas, faltam condições mínimas: equipas completas, tempo para formar internos, remuneração adequada ao risco e à responsabilidade.
Nos hospitais, o impacto será desigual. Serviços com equipas curtas podem ter de acionar planos de contingência; noutros, a manutenção de serviços mínimos garantirá o essencial — urgências vitais, oncológicos, cuidados intensivos e diálise. A expectativa é que os utentes sintam atrasos, remarcações e espera mais longa, sobretudo em consultas programadas. Em centros de saúde, a rotina também deverá abrandar: menos consultas do dia, receituário e atestados poderão ser priorizados.
O pano de fundo das negociações inclui três frentes: organização dos serviços (urgências, horários, incentivos), grelhas salariais e avaliação/progressões. Do lado dos médicos, a mensagem tem sido consistente: sem condições estáveis, o SNS perde profissionais para o privado e para o estrangeiro. Do lado do Governo, a nota habitual é a de responsabilidade orçamental e de “reformas faseadas”. Entre estas duas posições, fica quem menos pode escolher: os doentes, para quem a previsibilidade dos cuidados é um bem escasso.
Até lá, os hospitais devem divulgar atempadamente os serviços mínimos e as marcações alternativas. Para os utentes, a regra é simples: antes de sair de casa, confirmar se a sua consulta/exame se mantém, e, em caso de urgência real, dirigir-se na mesma ao serviço de urgência — os casos críticos continuarão a ser assistidos.
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Fonte oficial:
• Federação Nacional dos Médicos (FNAM)