Via verde da imigração pode ser recalibrada após só 800 vistos em seis meses

Governo admite ajustar via verde da imigração para dar mais eficácia ao sistema, depois de resultados aquém do esperado nas empresas que recorrem ao novo protocolo

A via verde da imigração pode vir a ser recalibrada pelo Governo, depois de em seis meses terem sido emitidos apenas cerca de 800 vistos. A medida, pensada para acelerar a contratação de trabalhadores estrangeiros por grandes empresas, está aquém das expectativas iniciais. O ministro Carlos Abreu Amorim garante que o Executivo acredita na via verde da imigração, mas admite afinar regras para tornar o mecanismo mais eficaz.

Lançada em abril de 2025, a via verde para a imigração foi apresentada como um procedimento rápido para emissão de vistos de trabalho, residência temporária e trabalho sazonal para trabalhadores estrangeiros contratados por grandes empresas. O protocolo prevê um canal prioritário, com decisão prevista no prazo de 20 dias após o atendimento, desde que toda a documentação esteja em ordem.

Para que as empresas possam usar este regime, é exigido um conjunto de requisitos: empregar pelo menos 150 trabalhadores, ter um volume de negócios anual igual ou superior a 25 milhões de euros e não ter dívidas à Segurança Social nem à Autoridade Tributária. Em troca da celeridade, as entidades empregadoras comprometem-se a garantir contrato de trabalho, formação, aprendizagem de português e alojamento condigno aos trabalhadores recrutados.

Apesar do enquadramento ambicioso, os números ficaram aquém do previsto. Em entrevista ao Público e à Antena 1, citada por vários órgãos de comunicação social, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, revelou que em seis meses foram emitidos apenas cerca de 800 vistos ao abrigo da via verde da imigração. O governante reconhece que os resultados “não são exatamente os esperados”, mas sublinha que o Executivo continua a acreditar no modelo.

Grande parte destes vistos concentrou-se nos setores da agricultura e da construção, enquanto áreas como o turismo e o comércio têm recorrido muito pouco ao mecanismo. Confederações patronais já tinham alertado para entraves práticos, como a obrigação de garantir alojamento em regiões onde a habitação é escassa, o que pode afastar empresas interessadas.

Perante este cenário, Carlos Abreu Amorim abriu a porta a “recalibrar” o sistema, caso seja necessário. O ministro fala em “dar mais eficácia” à via verde da imigração e assegura que o Governo está disponível para reanalisar regras e ouvir propostas construtivas, num contexto em que o país mantém necessidades significativas de mão de obra em vários setores.

A eventual revisão poderá passar por ajustar critérios de acesso, clarificar procedimentos ou flexibilizar algumas exigências às empresas, sem perder o objetivo central: garantir imigração regulada, responder às necessidades do mercado de trabalho e evitar abusos. Enquanto isso, associações empresariais e especialistas em imigração defendem que o sucesso da via verde dependerá da rapidez das autoridades, da previsibilidade das decisões e da articulação entre Governo, AIMA, Segurança Social e patronato.

Veja também:

Nacionalidade portuguesa: prazos sobem para 7–10 anos e exame obrigatório
Guia completo para escolher o melhor smartphone em 2025

Fonte oficial:
ECO — “Se for preciso, Governo irá recalibrar a via verde da imigração”