Ucrânia: Matviichuk denuncia 89 mil crimes de guerra

Nobel da Paz ucraniana reforça apelo à justiça e responsabilização por crimes de guerra na Ucrânia

A Nobel da Paz ucraniana Aleksandra Matviichuk afirma que já foram documentados cerca de 89 mil crimes de guerra desde o início da invasão russa. O número impressiona e, para a ativista, traduz-se numa urgência: transformar provas em justiça efetiva. A Ucrânia precisa de mais cooperação internacional para que estes casos não fiquem por julgar.

No terreno, organizações cívicas e autoridades trabalham lado a lado para recolher testemunhos, preservar evidências e apoiar vítimas. A Ucrânia tem equipas que percorrem localidades libertadas, registando ataques a civis, tortura, deportações e destruição de infraestruturas. Mas a máquina judicial não acompanha o ritmo do sofrimento: o que está meticulosamente documentado nem sempre chega a tribunal com a rapidez necessária.

Matviichuk, que lidera o Center for Civil Liberties, alerta para uma lacuna dolorosa entre a contagem de crimes e a responsabilização real dos culpados. Defende o reforço de equipas mistas com peritos estrangeiros, maior coordenação com instâncias internacionais e um Tribunal Especial para o Crime de Agressão, capaz de julgar o ato que desencadeou todas as outras violações. Para as vítimas, cada avanço jurídico é mais do que simbólico: é o reconhecimento do que viveram e uma promessa de que não foram esquecidas.

Ao mesmo tempo, mantém-se a pressão para proteger as pessoas no presente. Isto passa por melhorar a recolha e conservação de provas digitais, acelerar a cooperação com a justiça internacional e assegurar apoio psicológico e social às famílias, especialmente às que viram crianças deportadas ou membros desaparecidos. A sociedade civil pede também que sanções eficazes permaneçam e que os ativos russos congelados sirvam para compensar vítimas e financiar a reconstrução.

A mensagem é direta e humana: sem justiça, não há paz duradoura. Para Matviichuk e para milhares de ucranianos, fazer caminho na lei é, hoje, uma forma de proteger vidas.

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Fonte oficial:
Action on Armed Violence (AOAV)