Violência sexual bombeiros do Fundão: 11 suspeitos em praxe

Suspeitas de violência sexual abalam corporação de bombeiros do Fundão

Os alegados casos de violência sexual envolvendo bombeiros no Fundão estão a chocar o país e a levantar dúvidas sobre práticas de praxe dentro dos quartéis. Onze bombeiros voluntários são suspeitos de dois crimes de violação e um de coação sexual, alegadamente contra um colega de 19 anos. A investigação por violência sexual envolvendo bombeiros no Fundão está a ser conduzida pela Polícia Judiciária e já motivou um inquérito interno na corporação.

De acordo com a PJ, os factos terão ocorrido em duas ocasiões distintas, nos quartéis do Fundão e da Soalheira, ambos no distrito de Castelo Branco. A vítima é um jovem bombeiro, com apenas 19 anos, que estaria a cumprir os seus primeiros serviços na corporação quando terá sido sujeito a atos de natureza sexual considerados violentos, enquadrados pelos suspeitos como uma “praxe”.

Detenção de 11 bombeiros e início da operação “Integridade”

A Polícia Judiciária, através do Departamento de Investigação Criminal da Guarda, deteve 11 bombeiros voluntários da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Fundão no âmbito da operação “Integridade”. Em causa estão suspeitas da prática de dois crimes de violação e um de coação sexual, alegadamente cometidos dentro das instalações dos quartéis.

A investigação teve início após queixa apresentada pela própria vítima, que contou com o apoio do comando da corporação. A PJ sublinha que o comando colaborou em permanência com as autoridades, o que permitiu a realização de diligências rápidas de inquérito e a identificação dos alegados agressores.

Medidas de coação: liberdade, mas com fortes restrições

Após serem presentes ao Tribunal do Fundão, os 11 bombeiros ficaram a aguardar o desenrolar do processo em liberdade, mas sujeitos a várias medidas de coação. Entre estas, contam-se a proibição de contactar a vítima e a proibição de entrarem e frequentarem o quartel, medida aplicada a grande parte dos arguidos, para evitar qualquer pressão sobre o jovem bombeiro e preservar a investigação.

O tribunal aplicou ainda termo de identidade e residência e outras limitações, num equilíbrio entre a presunção de inocência e a gravidade dos crimes em causa. As autoridades judiciais sublinham que a situação permanece em investigação e que os factos ainda terão de ser plenamente apurados em sede de julgamento.

Inquérito interno e possível expulsão dos bombeiros

Paralelamente ao processo criminal, o comando dos Bombeiros Voluntários do Fundão anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar responsabilidades disciplinares. O objetivo é perceber se houve violação de deveres éticos e profissionais e se se justificam sanções que podem ir até à expulsão dos elementos envolvidos, caso as suspeitas se confirmem.

O caso está também a relançar o debate sobre praxe e cultura organizacional nas forças de proteção e socorro. Práticas apresentadas como “brincadeiras” ou “rituais de integração” podem, na realidade, configurar crimes de violência sexual e de coação, com impactos profundos na vida das vítimas e na confiança pública nas instituições.

Presunção de inocência e impacto na comunidade

Importa sublinhar que, nesta fase, os 11 bombeiros do Fundão são suspeitos e não foram ainda condenados. Mantém-se a presunção de inocência até eventual decisão transitada em julgado.

Ainda assim, a gravidade das suspeitas de violência sexual envolvendo bombeiros no Fundão está a causar grande inquietação na comunidade local e no país, num contexto em que os bombeiros são tradicionalmente vistos como figuras de confiança pública e de serviço à população. Organizações de vítimas e especialistas em violência sexual lembram que a denúncia rápida e o apoio institucional são fundamentais para proteger quem sofre este tipo de crimes e para quebrar uma cultura de silêncio em ambientes fechados.

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Fonte oficial:
Polícia Judiciária